sábado, 29 de novembro de 2014

Heróis de Mentira.

       A política jardinense é uma fábrica eficiente na criação de falsos defensores dos interesses do povo. Em nomes destes, os ilustríssimos representantes travam verdadeiras (ou seriam falsas) batalhas que perdem o fôlego quando os interesses pessoais falam mais alto. Ataques homéricos são perdoados e algozes enfurecidos viram ovelhas dóceis e corruptíveis, desenhando um cenário que pode ser traduzido como um verdadeiro circo aplaudido de pé pela força da alienação de uma cultura partidarista e vazia. O menor vestígio de coerência e sensatez possibilita que qualquer um veja as coisas dessa forma e enxergue os heróis de cera por trás dos seus falsos discursos. Os munícipes jardinenses até andariam um passo em direção a uma identidade política mais equilibrada se enxergassem o quão estúpido pode ser tomar partido das dores daqueles que amanhã (ou seria hoje) estarão de mãos dadas e rindo das encenações passadas. É a força dos interesses pessoais denunciando posturas que servem apenas para aumentar ainda mais o meu nojo da política local. 
E se você não liga pra nada disso, o político agradece a sua indiferença (ou burrice).

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Que a solidão não pinte de cinza os nossos caminhos.

Não gosto de pensar na solidão. Talvez de todos os medos possíveis, este seja um dos que mais apavora. Não só a mim, mas a todos. A solidão desbota as nossas cores, empalidece a alma, enferruja os sorrisos. Se a solidão tivesse um rosto, fico imaginando que talvez seria o de uma velha feia e enrugada com olhar acusador, daqueles que nos responsabilizam por algo de errado que fizemos. Ela teria uma cara que constantemente nos culparia por estarmos sozinhos, nos responsabilizando por todos terem ido embora. 
Imagino que todo mundo em algum momento da sua vida pensou na solidão e no quão aterradora ela pode ser em razão da sua conotação angustiante: quando alguém comete algum erro é privado da sua liberdade, sendo resignado à prisões e uma falta grave nestes ambientes é um convite à "solitária". O peso do nome já expressa em si sensações dolorosas que no dia a dia podem ser traduzidas em resignação e sofrimento.
É, realmente não gosto de pensar em solidão, mas gosto de "estar só" em vários momentos.. É interessante sabermos diferenciar tais situações. Há os momentos em que estar sozinho pode ser de grande conforto, pois é aí que refletimos, descansamos, estudamos, produzimos, arejamos a mente depois de um dia de trabalho, abraçamos a nossa privacidade, abrimos espaços para sermos quem realmente somos, pois certa vez li que o ser humano é aquilo que faz quando pensa que ninguém está olhando. E eu concordo com isso. Estar sozinho pode ser um bálsamo revigorante para as tensões dos nossos dias corridos, uma necessidade humana que traz satisfação e muitas vezes paz.
Ficamos sozinhos numa espécie de egoísmo positivo para depois corrermos em busca dos nossos, pois ainda não inventaram uma forma de ser feliz sem o sorriso daqueles que amamos, sem o calor do abraço ou a bronca sincera de um amigo raivoso e querido que apenas quer o nosso bem. 

Que a solidão não pinte de cinza os nossos caminhos!!!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Reconhecendo as Fraquezas.

Vivemos num mundo onde a busca pela autonomia e superação pessoal imperam, descortinando um contexto onde as disputas de poder sobrepõem-se, elevando a necessidade de nos colocarmos sempre numa posição de extrema fortaleza diante de tudo e muitas vezes de todos.  Assim analisando, não erraria nenhum um pouco em dizer que é difícil para o ser humano falar sobre as suas fraquezas. Descortinar os medos implica em reconhecer-se frágil, postura não admirada num mundo onde temos que viver como se fôssemos de ferro e alheios às vunerabilidades que nos tornam humanos. Reconhecer os nossos medos nos possibilita um passo adiante em sua superação.  Podemos e devemos sermos  fortes,  guerreiros, exímios lutadores obstinados em vencer e conquistar o mundo, mas como humanos que somos reconhecer as nossas fraquezas, medos e fragilidades nos elevam a condição de humildes, característica primordial dos grandes vencedores. 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Diário Moderno.

Lembro-me de que quando criança (e por que não na própria adolescência e início da fase adulta?), eu tinha o hábito de escrever em diários. Narrar todas as situações e acontecimentos que marcavam o meu dia. Da ida a escola à redação elogiada pela professora, passando pelas conversas secretas com amigos mais próximos até as brincadeiras inocentes ou resultados obtidos em provas. Tudo era motivo de registro e reflexão. Sempre fui muito reflexivo. A medida em que o tempo ia passando e eu amadurecendo, creio que as minhas observações e registros iam ficando mais complexos, as ideias mais elaboradas e as situações cada vez mais pessoais acerca do mundo, das pessoas e das relações entre aquilo que fazíamos e sobre quem éramos. Escrever sobre o meu dia era uma forma de não me perder e de nunca esquecer acerca das coisas que me tornaram quem eu hoje sou. Narrar as minhas perdas, as minhas vitórias, as minhas alegrias, minhas decepções ou simplesmente sobre o banho de chuva tomado ao fim da tarde me enchia de vida. Era uma garantia de que jamais esqueceria do menino que um dia fui. 
Hoje com certa tristeza percebo que a juventude deixou que esse hábito se perdesse no tempo ou posso até dizer que a "evolução" dessa prática pode ser comparada ao que é visto hoje nas redes sociais da vida. Os registros das situações do dia a dia expostos deslavadamente por uma parcela de "escritores modernos" ávidos em descrever sobre a próxima festa ou roupa que experimentou na loja e não levou pra casa porque estava cara, assim como sobre o maravilhoso final de semana e a desnecessária vinda da detestável segunda-feira. É a evolução dos diários seguindo a correnteza das relações virtuais e efêmeras. Não critico as redes sociais e nem poderia, pois sou um típico usuário que hoje também narra as situações mais banais. Sou na verdade uma pessoa movida pelo saudosismo e pela simplicidade de escrever à mão em pequenos cadernos. Cadernos empoeirados que hoje contam um pouco da minha história.
Fiquei feliz em constatar que, ao reler os meus antigos diários, ainda pude me ver em várias passagens e pequenas histórias. Não deixei morrer o menino que um dia fui. Ainda trago comigo o entusiasmo, a alegria de viver e a confiança nas pessoas e na vida. Sinto que essa sensação maravilhosa que hoje pude ter relendo os meus diários, como se revivesse cada bom momento e sentisse os cheiros das alegrias do passado, essa nova geração não terá. A rapidez das relações sociais ditadas pela modernidade e as exigências do mundo virtual não oferecem lugar para o simples. E as pessoas esquecem que viver não precisa ser complicado.


(Sérgio Souza)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Olhando pra trás.


Tempo que fere. Tempo que cura. Tempo que emoldura lembranças, como quadros nas paredes da vida. Tempo que não descansa, que nos arranca as recordações ou que também as faz. Tempo que consola, mas que também assola, quando alegria não nos traz. Deixo aqui um recado aos peregrinos: que em suas andanças, me devolva, caso encontrem, o tempo que perdi. Somente agora descobri que ao deixa-lo escorrer feito água em minhas mãos, que ele não volta mais. Trocaria cada pedaço de sensatez e resignação pela loucura de vivenciar as circunstâncias que permiti que se perdesse no tempo. Compraria a peso de ouro cada momento que deixei passar e que o tempo se encarregou de levar, guardando para sempre no baú do inalcançável infinito.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

RETORNO.


Voltei. Na verdade, não creio que um dia eu tenha ido embora. As pessoas não partem de si mesmas. Na maioria das vezes abraçam outras emoções ou navegam por horizontes desconhecidos até perceberem em si mesmos um porto seguro. Uma rocha sólida em meio ao caos viciante da vida. Vida que oscila.
Voltei para me expor, me mostrar. Tornar visível a alma que há por trás da carne. Falar de mim e das coisas com a mesma necessidade humana de respirar. Soprar segredos de uma vida sem censuras. Sussurrar memórias nas folhas amarelas do tempo. Tempo que passa com pressa.
Voltei como quem chega para ficar. Desarrumando as malas pesadas. Cheias de vida. De vivências. Um retorno de quem nunca partiu, mas que sente saudade do que foi e agora busca sua verdade. Verdade que arde.
Voltei e a criança que fui acorda aos berros, em sua ânsia por liberdade.
 
Cada cinza que fui, hoje arde em chamas.
(Sérgio Souza)

terça-feira, 11 de junho de 2013

Positividade.

Sempre ouvimos dizer que o pensamento é capaz de nos fazer voar. De nos transportar para lugares longínquos, lugares inimagináveis. Ouvimos constantemente que o poder do pensamento é algo transformador capaz de curar corações feridos e almas perdidas. Chega a ser poético falar do poder libertador do pensamento e dos milagres que ele é capaz de fazer. Mas e quando o pensamento aprisiona? E quando ele exerce a função de carrasco? O coração ferido, corrói por dentro e a alma perdida, não almeja encontrar um rumo. O pensamento tem força e essa mesma força se não for bem canalizada é capaz de causar estragos irreversíveis. Não somos somente aquilo que pensamos e sim aquilo que fazemos com o que pensamos a respeito do mundo e de nós mesmos. A nossa atitude perante aquilo que de mais obscuro guardamos em nós nos condiciona enquanto seres humanos. Pensamento positivo implica em atitude positiva, máximas necessárias para o bem-estar pessoal.
Não nascemos ilhas e não devemos nos transformar em gaiolas. O mundo é nosso e a felicidade é um dever. 

Aprecie a alegria de estar vivo. 

                                                                                                                                          
                                                                                                                                           (Sérgio Souza)