quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Olhando pra trás.


Tempo que fere. Tempo que cura. Tempo que emoldura lembranças, como quadros nas paredes da vida. Tempo que não descansa, que nos arranca as recordações ou que também as faz. Tempo que consola, mas que também assola, quando alegria não nos traz. Deixo aqui um recado aos peregrinos: que em suas andanças, me devolva, caso encontrem, o tempo que perdi. Somente agora descobri que ao deixa-lo escorrer feito água em minhas mãos, que ele não volta mais. Trocaria cada pedaço de sensatez e resignação pela loucura de vivenciar as circunstâncias que permiti que se perdesse no tempo. Compraria a peso de ouro cada momento que deixei passar e que o tempo se encarregou de levar, guardando para sempre no baú do inalcançável infinito.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

RETORNO.


Voltei. Na verdade, não creio que um dia eu tenha ido embora. As pessoas não partem de si mesmas. Na maioria das vezes abraçam outras emoções ou navegam por horizontes desconhecidos até perceberem em si mesmos um porto seguro. Uma rocha sólida em meio ao caos viciante da vida. Vida que oscila.
Voltei para me expor, me mostrar. Tornar visível a alma que há por trás da carne. Falar de mim e das coisas com a mesma necessidade humana de respirar. Soprar segredos de uma vida sem censuras. Sussurrar memórias nas folhas amarelas do tempo. Tempo que passa com pressa.
Voltei como quem chega para ficar. Desarrumando as malas pesadas. Cheias de vida. De vivências. Um retorno de quem nunca partiu, mas que sente saudade do que foi e agora busca sua verdade. Verdade que arde.
Voltei e a criança que fui acorda aos berros, em sua ânsia por liberdade.
 
Cada cinza que fui, hoje arde em chamas.
(Sérgio Souza)